quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O ancião descansava, sentado em velho banco à sombra de uma árvore, quando foi abordado pelo motorista de um automóvel que estacionou a seu lado:

Bom dia!

Bom dia! Respondeu o ancião.

O senhor mora aqui?

Sim, há muitos anos...

Venho de mudança e gostaria de saber como é o povo daqui. Como o senhor vive aqui há tanto tempo deve conhecê-lo muito bem.

É verdade, falou o ancião. Mas, por favor, me fale antes da cidade de onde vem.

Ah! É ótima. Maravilhosa! Gente boa, fraterna... Fiz lá muitos amigos. Só a deixei por imperativos da profissão.

Pois bem, meu filho. Esta cidade é exatamente igual. Vai gostar daqui.

O forasteiro agradeceu e partiu.

Minutos depois apareceu outro motorista e também se dirigiu ao ancião:

Estou chegando para morar aqui. O que me diz do lugar?

O ancião, lançou-lhe a mesma pergunta:

Como é a cidade de onde vem?

Horrível! Povo orgulhoso, cheio de preconceitos, arrogante! Não fiz um único amigo naquele lugar horroroso!

Sinto muito, meu filho, pois aqui você encontrará o mesmo ambiente...

* * *

Todos vemos no mundo e nas pessoas algo do que somos, do que pensamos, de nossa maneira de ser.

Se somos nervosos, agressivos ou pessimistas, veremos tudo pela ótica de nossas tendências, imaginando conviver com gente assim.

Em outras palavras, o mundo tem a cor que lhe damos através das nossas lentes.

Se nossas lentes estão escurecidas pelo pessimismo, tudo à nossa volta nos parecerá escuro. Tudo, para nós, parecerá constantemente envolto em trevas.

Se nossas lentes estão turvadas pelo desânimo, o Universo que nos rodeia se apresenta desesperador.

Mas, se ao contrário, nossas lentes estão clarificadas pelo otimismo, sentiremos que em todas as situações há aspectos positivos.

Se o entusiasmo é o detergente das nossas lentes, perceberemos a vida em variados matizes de luzes e cores.

A cor do mundo, portanto, depende da nossa ótica. O exterior estará sempre refletindo o que levamos no interior.

* * *

O otimismo é gerador de adrenalina emocional, que estimula o sangue, impulsionando ao avanço, à alegria. Cultivando-o nos sentimentos adquirimos visão para perceber o lado bom da vida que nos rodeia.

Nos céus dos que vivem com otimismo e confiança em Deus, sempre haverá andorinhas bailando no ar prenunciando gloriosas primaveras.

sábado, 25 de agosto de 2012


O culto cristão no lar

 
Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite prateada de luar, quando o Senhor,

instalado provisoriamente em casa de Pedro, tomou os Sagrados Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversação que se fizera improdutiva e menos edificante, falou com bondade:
— Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os frutos de cada dia?
O apóstolo pensou alguns momentos e respondeu, hesitante:
— Mestre, naturalmente, escolhemos os peixes melhores. Ninguém compra os resíduos da pesca.
Jesus sorriu e perguntou, de novo:
— E o oleiro? que faz para atender à tarefa a que se propõe?
— Certamente, Senhor — redargüiu o pescador, intrigado —, modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.
O Amigo Celeste, de olhar compassivo e fulgurante, insistiu:
— E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende?
O interlocutor, muito simples, informou sem vacilar:
— Lavrará a madeira, usará a enxó e o serrote, o martelo e o formão. De outro modo,
não aperfeiçoará a peça bruta.
Calou-se Jesus, por alguns instantes, e aduziu:
— Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante seleciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranquila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações?

Se nos não habituamos a amar o irmão pais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?

Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou:
— Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz através do Céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas, sim, no singelo domicílio dos pastores e dos animais.
Simão Pedro fitou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não encontrasse palavras
adequadas para explicar-se, murmurou, tímido:
— Mestre, seja feito como desejas.
Então Jesus, convidando os familiares do apóstolo à palestra edificante e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro culto cristão no lar.

Do livro JESUS NO LAR – Chico Xavier/Neio Lucio

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Racismo

Jávier Godinho (*)

A imprensa apresenta, constantemente, fatos relacionados a manifestações de racismo, fora e dentro do Brasil. E mostra, também, cenas terríveis de miséria nos países mais devastados da África, onde homens, mulheres e crianças de pele negra parecem mais esqueletos vivos, semelhantes às fotos dos seis milhões de judeus exterminados nos campos de concentração nazistas.
Não seriam as esquálidas criaturas de hoje os mesmos homens que provocariam o genocídio da Alemanha de Hitler, agora em novos corpos?
O racismo é, antes de tudo, uma demonstração de atraso espiritual e desconhecimento das leis divinas. Aquele que diminui ou persegue o irmão pela cor da pele ou por qualquer outra característica étnica, viola o grande mandamento, síntese de toda a lei e dos profetas, "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo."
Pela lei do carma, ou de causa e efeito, o racista sofrerá, em si próprio, a inteireza do sofrimento provocado ao semelhante. Pagará até o último ceitil, pois todo homem será punido naquilo em que pecar. "Quem com ferro fere, com ferro será ferido"- na expressão do próprio Cristo.
Ensina "O Livro dos Espíritos" que os homens atuais são os mesmos Espíritos que voltaram, para se aperfeiçoar em novos corpos, estando, ainda, muito longe da perfeição. A raça de agora, que por seu crescimento tende a invadir toda a Terra e substituir as raças que se extinguem, terá, também, a sua decadência. Outras raças a substituirão, descendentes dela mesma, como os civilizados contemporâneos descendem dos seres brutos e selvagens das eras primitivas. A origem das raças perde-se na noite dos tempos. Como todas pertencem à grande família humana, puderam misturar-se e produzir novos tipos. As múltiplas variedades de um mesmo fruto não impedem que constituam uma só espécie.
No final de 1939, justamente quando o racismo nazista contra o povo judeu era um dos determinantes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, o espírito de Emmanuel começava, no Grupo Espírita Luiz Gonzaga, de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, a psicografar, através de Francisco Cândido Xavier, o livro "O Consolador". Na obra, editada no ano seguinte pela Federação Espírita Brasileira, Emmanuel considera justo o agrupamento nos países de múltiplas coletividades pelos laços afins da educação e do sentimento. A política do racismo, todavia, é encarada como um erro gravíssimo, que pretexto algum justifica. O racismo não tem nenhuma base séria nas suas alegações que, na realidade, só encobrem o propósito tenebroso do separatismo e da tirania.
Se todavia, nenhum dos argumentos acima convence o leitor, lembramos as recentes descobertas da Arqueologia, dando-nos conta de que todos nós, seres humanos, de qualquer raça, somos originários do Continente Africano.
E agora? Como fica o racismo?
(*) Jávier Godinho é jornalista da "Revista Espírita Allan Kardec", tendo publicado esta matéria no número 34 daquela revista, em abril-junho de 1997.

CIÚME E INVEJA

Orson Peter Carrara

Sentimentos contrariam adesão aos princípios morais

Recordando Allan Kardec

Esses dois sentimentos são destruidores da paz que se deve buscar para a harmonia da convivência. Apegos, medos e especialmente a insegurança pessoal, aliados ao egoísmo são seus geradores. Além da presença nos lares, nos relacionamentos, eles também comparecem com toda força nas instituições inspiradas pelo Espiritismo, pois que provenientes da imperfeição do caráter humano, ainda necessitado de correções morais. Como destaca Allan Kardec em O Livro dos Médiuns1, item 336, referindo-se aos inimigos do Espiritismo, “(...) os mais perigosos não são os que o atacam abertamente, mas os que agem nas sombras; estes, o acariciam com uma mão e o difamam com a outra. (...) graças aos surdos enredos que passam desapercebidos, semeiam a dúvida, a desconfiança e a desafeição; sob a aparência de um hipócrita interesse pela coisa, criticam tudo, formam conciliábulos e rodas que cedo rompem a harmonia do conjunto (...) Esse estado de coisas, deplorável em todas as sociedades, o é mais ainda nas sociedades espíritas, porque se não levam a uma ruptura, causa uma preocupação incompatível com o recolhimento e a atenção”.

São severos inimigos da boa convivência. Filhos do orgulho, comparecem na seara doutrinária do Espiritismo com os sintomas da animosidade crônica. Diríamos que como uma estranha rivalidade com alguém ou um fechamento intencional do afeto, que coagula as emoções na frieza disfarçada. Tais sentimentos não aceitam a felicidade, o êxito alheio ou perfis psicológicos diferentes dos quesitos pessoais do próprio invejoso ou ciumento. E formam os sutis detetives da conduta alheia. Na verdade significam apego e apropriação de espaços de trabalho, em cargos ou atividades, e mesmo ainda em autênticas disputas mentais que o invejoso trava entre si e aquele que julga como oponente, em razão muitas vezes, da desenvoltura do imaginário adversário.

A Revista Espírita2 traz abordagens sobre tais temas. O Espírito São Luiz abordou a questão da inveja, respondendo a um questionamento: “(...) seu Espírito está inquieto, sua felicidade terrestre está no auge; ele inveja o ouro, o luxo, a felicidade aparente ou fictícia de seu semelhante; seu coração está destroçado, sua alma surdamente consumida por essa luta incessante do orgulho, da vaidade não satisfeita; ele carrega consigo, em todos os instantes de sua miserável existência, uma serpente que ele reaquece, que lhe sugere, sem cessar, os mais fatais pensamentos: ‘Terei essa volúpia, essa felicidade?’ (...) E se debate sob sua impotência, vítima dos horríveis suplícios da inveja. (...)” E conclui: “(...) Fazei vossa felicidade e vosso verdadeiro tesouro sobre a Terra as obras de caridade e de submissão, as únicas que devem contribuir para serdes admitidos no seio de Deus; essas obras do bem farão vossa alegria e vossa felicidade eternas; a inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do vosso globo; a caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males (...)”

A outra referência, sobre o ciúme2, está assinado por O Espírito protetor do médium e trata-se de mensagem recebida na presença do Codificador. Pondera o autor: “(...) O ciúme é o companheiro do orgulho e da inveja; ele vos leva a desejar tudo o que os outros possuem, sem vos dar conta se, invejando a sua posição, não pedis senão que se vos faça presente uma víbora que aquecereis em vosso seio. (...)” Claro que esse comentário pode ser estendido a todas as demais conquistas daquele que sofre a ação do ciúme e não se circunscreve aos patrimônios materiais.

Em ambos os casos, porém, a clara indicação do aprimoramento interior no combate a esses sentimentos, frutos do orgulho. Ambos são tolos e causam enorme perda de tempo, tranqüilidade e progresso. E já que a finalidade da presença do Espiritismo no planeta é a melhora moral dos seres humanos, iniciemos desde já uma análise interior para avaliar a presença desses indesejáveis sentimentos e seu expurgo, mesmo que a longo prazo, para que possamos desfrutar da incomparável experiência de viver buscando o progresso que a vida destina a todos nós.

129a edição IDE, novembro de 1993, tradução de Salvador Gentille.

2Em Julho de 1858 sobre A inveja e Outubro de 1861, sobre O ciúme. Edições do IDE, respectivamente páginas 177/178 e 315, tradução de Salvador Gentille.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A BÍBLIA CONDENA A COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS?

Os textos das Sagradas Escrituras são ricos em elementos necessários para o nosso entendimento das coisas divinas. Como é do conhecimento de todos, enquanto o Velho Testamento expõe a tradição dos hebreus, seus mestres, reis e profetas, o Novo Testamento retrata a vida, obra e ensinamentos do Mestre Jesus. Ele afasta a opressão contida nas leis civis feitas pelo próprio Moisés e clarifica as leis morais, que são os Dez Mandamentos, ditados por Deus. Há, no Novo Testamento, a nítida substituição do olho por olho, dente por dente, pelas mensagens de perdão e de amor a Deus e ao próximo. Além disso, Jesus veio mostrar que a morte não existe e que a alma sobrevive ao corpo carnal.
A imortalidade da alma é fato incontestável e definitivamente demonstrado pelo Mestre quando de Sua passagem pelo planeta.


"Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá" - (João 11:25).

Infelizmente em pleno alvorecer de uma nova era, muitos homens ainda permanecem atrelados às velhas concepções, com medo da verdade, receosos de rever conceitos e reestruturar posturas.
Permanecem na superficialidade das coisas, sem compreenderem as verdades que a Bíblia verdadeiramente ensina, a racionalidade confirma e a própria ciência já começa a aceitar.
Na Bíblia, a condenação da comunicação com os Espíritos aparece no Velho Testamento, em citações tais como estas:

"Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles: Eu sou o Senhor vosso Deus" - (Levíticos 19.31).

Contudo, no próprio Velho Testamento, a prática da comunicação com os mortos é citada como tendo a aprovação de Moisés.

"Porém no arraial ficaram dois homens; o nome de um era Eldade, e o nome do outro Medade; E repousou sobre eles o Espírito (porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda), e profetizavam no arraial.
Então correu um moço, e o anunciou a Moisés, e disse: Eldade e Medade profetizam no arraial. E Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus mancebos escolhidos, respondeu, e disse: Senhor meu, Moisés, proíbe-lho.
Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes de mim? Oxalá todo o Povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito!
Depois Moisés se recolheu ao arraial, ele e os anciãos de Israel" - (Números 11.26-30).

Jesus, no Novo Testamento, não só não condena a comunicação com os mortos, como a pratica e confirma.

"Seis dias depois, toma Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte,
E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandesceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.
E eis que lhes aparecerem Moisés e Elias, falando com ele" - (Mateus 17.1-3).

Um dos pontos em que se fundamentam os que condenam tais práticas é a palavra de Moisés no Velho Testamento. Necessário analisarmos a questão à luz da razão.
Se as leis civis de Moisés utilizadas para o controle do povo judeu, como a condenação da comunicação com os Espíritos, devem ser obedecidas na atualidade, então por que não devemos também apedrejar adúlteras ou cortar as mãos dos ladrões como tais leis também exigem? Evidente que seria um contra-senso para os dias atuais.
Além do mais, há que se considerar as razões pelas quais o legislador hebreu determinou tal lei. Ele necessitava de mais rigor para disciplinar um povo naturalmente rebelde e distante das coisas divinas.
Moisés precisou coibir tal coisa, porque a prática da consulta aos mortos tinha se tornado uma constante entre o povo e naturalmente o abuso deu vazão a toda sorte de problemas decorrentes dos aproveitadores da ignorância humana. E depois, convenhamos: se ele proibiu a evocação dos mortos, certamente era porque eles poderiam vir até nós.
Por outro lado, há no Velho como no Novo Testamento, inúmeras citações de claras situações onde se praticava com muita naturalidade a evocação dos Espíritos. E isto é completamente desconsiderado pelos que condenam a Doutrina Espírita. Se as Escrituras funcionam como autoridade nesse campo, porque não o é em outros?
O que não pode ser aceito pelo homem da atualidade é que seja feito um julgamento (e condenação) de uma religião ou crença, baseado na parcialidade da Lei com propósitos de conveniência. A verdade não tem diferentes faces e o verdadeiro cristão deve seguir o modelo de Jesus e se espelhar nos seus ensinamentos, vivenciando o amor e respeito aos seus semelhantes.


Texto retirado do link http://casadeemmanuel.org.br/afinal.html#2 em 27/01/2012

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Pânico

No imenso painel dos distúrbios psicológicos o medo avulta. Predominando em muitos indivíduos e apresentando-se, quando na sua expressão patológica, em forma de distúrbio de pânico.

O medo, em si mesmo, não é negativo, assim se mostrando quando, irracionalmente, desequilibra a pessoa.
O desconhecido, pelas características de que se reveste, pode desencadear momentos de medo, o que também ocorre em relação ao futuro e sob determinadas circunstâncias, tornando-se, de certo modo, fator de preservação da vida, ampliação do instinto de autodefesa. Mal trabalhado na infância, por educação deficiente, o que poderia tomar-se útil, diminuindo os arroubos excessivos e a precipitação irrefletida, converte-se em perigoso adversário do equilíbrio do educando.

São comuns, nesse período, as ameaças e as chantagens afetivas: Se você não se alimentar, ou não dormir, ou não proceder bem, papai e mamãe não gostarão mais de você... ou O bicho papão lhe pega, etc. A criança, incapaz de digerir a informação, passa a ter medo de perder o amor, de ser devorada, perturbando a afetividade, que entorpece a naturalidade no seu processo de amadurecimento, tomando o adolescente inseguro, e um adulto que não se sente credor de carinho, de respeito e de consideração. A deformação leva-o às barganhas sentimentais - conquistar mediante presentes materiais, bajulação, anulando a sua personalidade, procurando agradar o outro, diminuindo-se e supervalorizando o afeto que anela.
A pessoa é, e deve ser amada, assim como é. Naturalmente, todo o seu empenho deve ser direcionado para o crescimento interior, o desenvolvimento dos recursos que dignificam: não invejando quem lhe parece melhor - pois alcançará o mesmo patamar e outros mais elevados, se o desejar - nem se magoando ante a agressividade dos que se encontram em níveis menores.

Por outro lado, face às ameaças, o ser permanece tímido, procurando fazer-se bonzinho, não pela excelência das virtudes, mas por mecanismo de sobrevivência afetiva.
O medo, assim considerado, pode assumir estados incontroláveis, causando perturbações graves no comportamento.

Os fatores psicossociais, as pressões emocionais influem, igualmente, para tomar o indivíduo amedrontado, especialmente diante da liberação sexual, gerando temores injustificáveis a respeito do desempenho na masculinidade ou na feminilidade, que propiciam conflitos psicológicos de insegurança, a se refletirem na área correspondente, com prejuízos muitos sérios.
Bem canalizado, o medo se transforma em prudência, em equilíbrio, auxiliando a discernir qual o comportamento ético adequado, até o momento em que o amadurecimento emocional o substitui pela consciência responsável.
Confunde-se o pânico como expressão do medo, quando irrompe acompanhado de sensações físicas: disritmia cardíaca, sudorese, sufocação, colapso periférico produzindo algidez generalizada. Essa sensação de morte com pressão no peito e esvaecimento das energias que aparece subitamente, desencadeada sem aparente motivo, tem outras causas, raízes mais profundas.

Na anamnese do distúrbio de pânico, constata-se o fator genético com alta carga de preponderância e especialmente a presença da noradrenalina no sistema nervoso central. É, portanto, uma disfunção fisiológica. Predomina no sexo feminino, especialmente no período pré-catamenial, o que mostra haver a interferência de hormônios, sendo menor a incidência durante a gravidez.
Sem dúvida, a terapia psiquiátrica faz-se urgente, a fim de que determinadas substâncias químicas sejam administradas ao paciente, restabelecendo-lhe o equilíbrio fisiológico.
Invariavelmente atinge os indivíduos entre os vinte e os trinta e cinco anos, podendo surgir também em outras faixas etárias, desencadeado por fatores psicológicos, requerendo cuidadosa terapia correspondente.
Há, entretanto, síndromes de distúrbio de pânico que fogem ao esquema convencional. Aquelas que têm um componente paranormal, como decorrência de ações espirituais em processos lamentáveis de obsessão.
Agindo psiquicamente sobre a mente da vítima, o ser espiritual estabelece um intercâmbio parasitário, transmitindo-lhe telepaticamente clichês de aterradoras imagens que vão se fixando, até se tornarem cenas vivas, ameaçadoras, encontrando ressonância no inconsciente profundo, onde estão armazenadas as experiências reencarnatórias, que desencadeadas emergem, produzindo confusão mental até o momento em que o pânico irrompe incontrolável, generalizado. Dá-se, nesse momento, a incorporação do invasor do domicílio mental, que passa a controlar a conduta da vítima, que se lhe submete à indução cruel.
Cresce assustadoramente na sociedade atual essa psicopatologia mediúnica, que está requerendo sérios estudos e cuidadosas pesquisas.
As terapias de libertação têm a ver com a transformação moral do paciente, a orientação ao agente e a utilização dos recursos da meditação, da oração, da ação dignificadora e beneficente.

Quando a ingerência psíquica do agressor se faz prolongada, somatiza distúrbios fisiológicos que eliminam noradrenalina no sistema nervoso central do enfermo, requerendo, concomitantemente, a terapia especializada, já referida.
Mediante uma conduta saudável de respeito ao próximo e à vida, o indivíduo precata-se da interferência perniciosa dos seres espirituais perturbadores, adversários de existências passadas, que ainda se comprazem na ação perversa. Esse sítio que promovem, responde por inúmeros fenômenos de sofrimento entre os homens.
Não sendo a morte do soma o aniquilamento da vida, a essência que o vitaliza - o eu profundo - prossegue com suas conquistas e limitações, grandezas e misérias. Como o intercâmbio decorre das afinidades morais e psíquicas, fácil é constatar-se as ocorrências que se banalizam.
O medo, portanto, necessita de canalização adequada e o distúrbio do pânico, examinada a sua gênese, merece os cuidados competentes, sendo passíveis de recuperação ambos os fenômenos psicológicos viciosos, a que o indivíduo se adapta, mesmo sofrendo.

Do livro Autodescobrimento: Uma busca interior - Divaldo P. Franco, pelo espírito de Joanna de Angelis.
Livraria Espírita Alvorada Editora, Bahia, 2002
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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Dramas Familiares

Para compreendermos as dificuldades ocorridas na família, é preciso ampliarmos a visão de família e raciocinarmos acerca da natureza do espírito, bem como da lógica e do propósito da reencarnação. Antes de qualquer coisa, é necessário nos situarmos em que tipo de planeta estamos. Como nos diz Kardec em O Livro dos Espíritos, não é possível, no estado de imperfeição em que nos encontramos, gozar de uma vida isenta de amarguras. Além disso, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, entendemos a qualidade deste planeta que nos concede a possibilidade de- crescer.

Dito isso, o que é fundamental diz respeito à maneira como encaramos as dificuldades. Se as classificamos como castigos, como meras contrariedades, perderemos a finalidade da nossa estadia aqui na Terra e certamente não conseguiremos entender os conflitos familiares.

A família não é o resultado de uma mera reunião fortuita, onde os espíritos se agrupam aleatoriamente. Antes de nascermos, escolhemos nossas provas de acordo com as nossas faltas, segundo O Livro dos Espíritos. Sendo assim, podemos nos reunir num grupo familiar por simpatia ou por comprometimentos anteriores que o nosso livre-arbítrio contraiu.

Neste contexto, a família atende a uma finalidade clara, que é conceder a um grupo de espíritos a oportunidade de ajustamento recíproco, lembrando que a reconciliação, o encontro entre espíritos que se prejudicaram outrora, não representa apenas um sinal de evolução individual, mas, ao se ajustarem, dois seres ou mais concorrem para o crescimento e o equilíbrio do próprio planeta. As dificuldades em família representam a oportunidade de combatermos gradativamente o egoísmo, mas para isso é preciso enxergar o grupo familiar na acepção espírita do termo.

O espiritismo traz à tona a lógica reencarnatória como único recurso possível de transformarmos o que era nocivo em algo saudável. Como amar um ser a quem votamos antipatia e desprezo, por exemplo, num intervalo curto de tempo, como se fosse um processo mágico? Energeticamente, os fluidos que emitimos na direção daqueles que não simpatizamos são muito densos e, para serem transformados, há necessidade de que a sabedoria das leis divinas atue através do tempo.

No fundo, problemas são o resultado da significação particular que damos aos acontecimentos da vida. Kardec, após a pergunta 852 de O Livro dos Espíritos, coloca: "As idéias exatas ou falsas que fazemos das coisas nos levam a ser bem ou malsucedidos, de acordo com o nosso caráter e a nossa posição social. Achamos mais simples e menos humilhante para o nosso amor-próprio atribuir antes à sorte ou ao destino os
os insucessos que experimentamos do que à nossa própria falta".


Texto retirado do livro Orientações Espíritas, Coleção Sem Mistérios, Editora Escala.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Suicidar-se, nunca!

Meu caro leitor, se você é daquelas pessoas que está enfrentando difícil fase de sua existência, com escassez de recursos financeiros, enfermidades ou complexos desafios pessoais (na vida familiar ou não) e está se sentindo muito abatido, gostaria de convidá-lo a uma grave reflexão.

Todos temos visto a ocorrência triste e dramática daqueles que se lançam ao suicídio, das mais variadas formas. A idéia infeliz surge, é alimentada pelo agravamento dos problemas do cotidiano e concretiza-se no ato infeliz do auto-extermínio.

Diante de possíveis angústias e estados depressivos, não há outro remédio senão a calma, a paciência e a confiança na vida, que sempre nos reserva o melhor ou o que temos necessidade de enfrentar para aprender. Ações precipitadas, suicídios e atos insanos são praticados devido ao desespero que atinge muitas pessoas que não conseguem enxergar os benefícios que as cercam de todos os lados.

Mas é interessante ressaltar que estes estados de alma, de desalento, de angústias, de atribulações de toda ordem, não são casos isolados. Eles integram a vida humana. Milhões de pessoas, em todo mundo, lutam com esses enigmas como alunos que quebram a cabeça tentando resolver exercícios de física ou matemática. Mas até uma criança sabe que o problema que parece insolúvel não se resolverá rasgando o caderno e fugindo da sala de aula.

Sim, a comparação é notável. Destruir o próprio corpo, a própria vida, como aparente solução é uma decisão absurda. Vejamos os problemas como autênticos desafios de aprendizado, nunca como castigos ou questões insuperáveis. Tudo tem uma solução, ainda que difícil ou demorada.

O fato, porém, é que precisamos sempre resistir aos embates do cotidiano com muita coragem e determinação. Viver é algo extraordinário. Tudo, mas tudo mesmo, passa. Para que entregar-se ao desespero? Há razões de sobra para sorrir, rir e viver...!

O suicídio é um dos maiores equívocos humanos, para não dizer o maior. A pessoa sente-se pressionada por uma quantidade variável de desafios, que julga serem problemas sem solução, e precipita-se na ilusão da morte. Sim, ilusão, porque ninguém consegue auto-exterminar-se. E o suicídio agrava as dificuldades porque aí a pessoa sente o corpo inanimado, cuja decomposição experimenta com os horrores próprios, pressionada agora pelo arrependimento, pelo remorso, sem possibilidade de retorno imediato para refazer a própria vida. Em meio a dores morais intensas, com as sensações físicas próprias, sentindo ainda a angústia dos seres queridos que com ele conviviam, o suicida torna-se um indigente do além.

Como? Sim, apenas conseqüências do ato extremo, nunca castigo. Isto tudo por uma razão muito simples: não somos o corpo, estamos no corpo. Somos espíritos reencarnados, imortais. E a vida nunca cessa, ela continua objetivando o aprimoramento moral e intelectual de todos os filhos de Deus. Suicidar-se é ilusão. Os desafios existenciais surgem exatamente para promover o progresso, convidando à conquista de virtudes e o desenvolvimento da inteligência. A oportunidade de viver e aprender é muito rica para ser desprezada. E quando alguém a descarta, surgem conseqüências naturais: o sofrimento físico, pela auto-agressão e o sofrimento moral do arrependimento e da perda de oportunidades. Muitos talvez, poderão perguntar-se: Mas de onde vem essas informações?

A Revelação Espírita trouxe essas informações. São os próprios espíritos que trouxeram as descrições do estado que se encontram depois da morte. Entre eles, também os suicidas descrevem os sofrimentos físicos e morais que experimentam. Sim porque sendo patrimônio concedido por Deus, a vida interrompida por vontade própria é transgressão à sua Lei de Amor. Como uma criança pequena que teima em não ouvir os pais e coloca os dedos na tomada elétrica.

Para os suicídios há atenuantes e agravantes, mas sempre com conseqüências dolorosas e que vão requerer longo tempo de recuperação. Deus, que é Pai bondoso e misericordioso, jamais abandona seus filhos e concede-lhes sempre novas oportunidades. Aí surge a reencarnação como caminho reparador, em existências difíceis que apresentam os sintomas e aparências do ato extremo do suicídio. Há que se pensar nos familiares, cônjuges, pais e filhos, na dor que experimentam diante do suicídio do ser querido. Há que se pensar no arrependimento inevitável que virá. Há que se ponderar no desprezo endereçado à vida. Há, mais ainda, que se buscar na confiança em Deus, na coragem, na prece sincera, nos amigos (especialmente o maior deles, Jesus), a força que se precisa para vencer quaisquer idéias que sugiram o auto-extermínio.

Meu amigo, minha amiga, pense no tesouro que é tua vida, de tua família! Jamais te deixes enganar pela ilusão do suicídio. Viva! Viva intensamente! Com alegria! Que não te perturbe nem a dificuldade, nem a enfermidade, nem a carência material. Confie, meu caro, e prossiga!


Autor: Orson Peter Carrara - Portal do Espírito

sábado, 28 de janeiro de 2012

Cura de uma Obsessão

O Sr. Dombre, presidente da Sociedade Espírita de Marmande, manda-nos o seguinte: “Com o auxílio dos bons espíritos, em cinco dias livramos de uma obsessão muito violenta e muito perigosa, uma jovem de treze anos, do poder de um mau espírito, desde 8 de maio último.

Diariamente, às cinco da tarde, sem faltar um só dia, ela tinha crises terríveis, de causar piedade. Essa menina mora em bairro distante e os pais, que consideravam a doença como epilepsia, nem falam mais. Entretanto, um dos nossos que mora nas vizinhanças, foi informado e uma observação mais atenta dos fatos permitiu-lhe facilmente reconhecer a sua verdadeira causa.

Seguindo o conselho dos nossos guias espirituais, imediatamente nos pusemos à obra. A 11 deste mês, às 8 horas da noite, reuniões começaram por evocar o Espírito, moralizá-lo, orar pelo obsessor e pela vitima e a exercitar sobre esta uma magnetização mental. As reuniões eram feitas todas as noites e na sexta-feira, dia 15, a menina sofreu a última crise.

Só lhe resta a fraqueza da convalescença, conseqüência de tão longos e tão violentos abalos, e que se manifesta pela tristeza, pela languidez e pelas lágrimas, como nos havia sido anunciado. Pelas comunicações dos bons Espíritos, diariamente éramos informados das várias fases da moléstia.

“Essa cura que, noutros tempos, uns teriam considerado como um milagre, e outros como um caso de feitiçaria, pelo que, segundo a opinião, teríamos sido santificados ou queimados, produziu uma certa sensação na cidade.”

Felicitamos os nossos irmãos de Marmande pelo resultado que obtiveram no caso e somos felizes de ver que aproveitaram os conselhos contidos na Revista, por ocasião de casos análogos, relatados ultimamente. Assim, puderam convencer-se da força da acção colectiva, quando dirigida por uma fé sincera e uma ardente caridade.


 Revista Espírita, Fevereiro de 1864

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A saúde pode ser afetada pela obsessão?

Uma interessante matéria publicada por Allan Kardec na Revista Espírita (1) utiliza a expressão loucura obsessional. O texto, que recomendamos aos leitores, é um estudo sobre os Possessos de Morzine, uma localidade em determinada região francesa, alvo de carta endereçada ao Codificador pelo capitão B. (membro da Sociedade Espírita de Paris e naquele momento radicado na cidade de Anecy). Allan Kardec publicou a carta na edição de abril (2), seguida de instruções dos espíritos Georges e Erasto e ainda acrescentou lúcido comentário sobre a questão. Depois na edição de dezembro (3) voltou ao assunto, desdobrando-o em bem argumentada análise.
Trata-se de uma obsessão coletiva que atingiu toda uma coletividade e Kardec usa nas duas edições referidas toda a lógica da Doutrina Espírita para explicar a questão da natureza dos espíritos e sua permanente influência junto à humanidade através do perispírito e da mediunidade. Porém, abre importante caminho no entendimento da enfermidade classificada como loucura e acrescenta que “(...) Ao lado de todas as variedades de loucura patológica, convém, pois, acrescentar a loucura obsessional (...)” E acrescenta: “Mas como poderá um médico materialista estabelecer essa diferença ou, mesmo admiti-la? (...)” (1).
A questão suscita observações interessantes sobre a saúde mental. Ocorre que é grande o número de pessoas consideradas como lesionadas no cérebro e portanto internadas em hospitais psiquiátricos ou em tratamento mental ou psicológico, quando na verdade estão apenas sob forte influência de espíritos que agem ainda com ódio premeditado ou mesmo atuam inconscientemente. Claro que há, e isto ninguém contesta, os que podem ser considerados vítimas de lesões cerebrais irreversíveis com indicações claras de tratamentos ou internações inadiáveis. Mas, a influência perniciosa de um espírito desequilibrado e “que não passou de acidental, por vezes toma um caráter de permanência quando o Espírito é mau, porque para ele o indivíduo se torna verdadeira vítima, à qual ele pode dar a aparência de verdadeira loucura. Dizemos aparência, porque a loucura propriamente dita sempre resulta de uma alteração dos órgãos cerebrais (...) Não há, pois, loucura real, mas aparente, contra a qual os remédios da terapêutica são inoperantes, como o prova a experiência (...)” (1), conforme acentua o Codificador.
Como sabem os estudiosos da Doutrina Espírita, a obsessão é capítulo importante no relacionamento entre encarnados e desencarnados, tendo inclusive merecido capítulo específico em O Livro dos Médiuns (4) e como destacado pelo próprio Codificador o desafio está em enfrentar esta loucura aparente – pois não há lesões cerebrais –, causada pela presença e influência de espíritos maus e perversos, que constrange e/ou paralisa a vontade e a razão de sua vítima, fazendo-a pensar, falar e agir por ele, levando-a a atos e posturas extravagantes ou ridículas. Considere-se que estamos num planeta ainda dominado pelo egoísmo, onde a maioria das criaturas que o habitam – estejam encarnados ou desencarnados – estão envolvidas com interesses mesquinhos e sem finalidades educativas ou de aperfeiçoamento. E fica fácil, então, imaginar o mundo invisível formando inumerável população que forma a atmosfera moral do planeta, caracterizado pela inferioridade das lutas mundanas e dos interesses que o egoísmo, a vaidade, o orgulho ou a inveja podem criar. Para resistir a tudo isso, usando palavras do próprio Kardec, “são necessários temperamentos morais dotados de grande vigor”.(5)
E é interessante notar que, conforme ponderações do próprio Kardec (6), “(...) a ignorância, a fraqueza das faculdades, a falta de cultura intelectual” oferecem mais condições de assédio aos espíritos imperfeitos que tentam e muitas vezes conseguem dominar as criaturas humanas através do real fenômeno da obsessão, tantas vezes confundido como loucura ou lesões no cérebro.Diante desse quadro todo, percebe-se claramente a importância do estudo e da divulgação espírita perante todas as classes de indivíduos do planeta. Nesta área da saúde, o Espiritismo vem esclarecer a obscura questão das doenças mentais, apresentando uma causa que não era considerada e constitui perigo real evidente, provado pela experiência e pela observação: o da obsessão ou influência dos espíritos sobre os seres humanos.

(1) Dezembro de 1862, páginas 360, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(2) Abril de 1862, páginas 107/108, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(3) Dezembro de 1862, páginas 360 a 365, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(4) Capítulo XXIII.
(5) página 356 da edição de Dezembro de 1862 da Revista Espírita, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(6) Abril de 1862 da Revista Espírita, página 111, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.

Orson Peter Carrara - Matéria publicada originariamente no jornal O CLARIM,
edição de dezembro de 2004.

Depressão, Uma Visão Espírita

Desde passado longínquo autoridades médicas e psicológicas têm buscado explicações para os estados depressivos, considerando apenas como estado mórbido. Será apenas distúrbio somático, decorrente de síndromes nervosas?

Mais recentemente já se começou a pensar que a depressão, causas e conseqüências poderiam ter outras configurações, a partir de estudos até mesmo do comportamento humano.

Não haveria também causas espirituais? Dizemos espirituais e não religiosas, pois qualquer nome que se dê, sabemos que o corpo humano é constituído do corpo e alma (espírito),sem contar que a doutrina espírita encontra um outro componente, o perispírito.

Como objeto de estudos dentro da doutrina espírita fomos buscar em renomados autores encarnados, especialistas quanto ao mecanismo da mente e nos desencarnados como forma de conhecer a visão Espírita da depressão.

O ponto de partida é um texto extraído do Boletim da Associação Médico-Espírita do Estado do Espírito Santo, de autoria do médico Dr. Wilson Ayub Lopes, que buscou em obras espíritas elementos para seu artigo “A DEPRESSÃO NA VISÃO ESPÍRITA’.

A leitura desse texto, demonstra bem a conceituação médica da depressão, enriquecida com preciosos esclarecimentos de espíritos evoluídos registrados na bibliografia doutrinária., concluindo pelo nexo causal entre moléstia e pertubação do espírito. Vamos então procurar uma síntese de informações para se entender como o mundo espiritual pode ter influências no surgimento de depressões, nas suas variadas manifestações.

Claro, óbvio , que a primeira obra seja o EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, de Allan Kardec, na tradução de J. Herculano Pires.

Os elementos que coligimos fomos buscar no Capítulo V – Bem aventurados os aflitos..., o que já nos prenuncia um estado espiritual para um grande número de depressões a que os seres humanos estão sujeitos.

O que são aflições? São alterações do modo de vida que se transformam em vicissitudes, que têm uma causa justa e considerando que Deus é justo, a causa é, por conseqüência, justa.

Segundo Kardec, essas vicissitudes tem duas causas distinta, podendo ser originária da vida presente ou de outras vidas.

Porque a ligação de vicissitudes com depressão? Simplesmente porque, segundo o Dr. Ayub, a depressão decorre ou é “uma alteração do estado de humor, uma tristeza intensa, um abatimento profundo”.

E Kardec complementa que as vicissitudes são as aflições de que a pessoa é tomada, as decepções, as frustrações, enfim, vários acontecimentos que deprimem o estado de espírito, como se costuma dizer em linguagem mais accessível

A quem cabe a culpa por essas aflições? Kardec responde que “cabem senão a si mesmo”, pois por orgulho ou falta de conhecimento, atribuem à falta de sorte, à Providência, sua má estrela, sem pensar que sua má estrela é sua própria falta de compreensão.

Segundo o Dr. Ayub, a depressão se apresenta sob três formas, decorrentes do fenômeno causal. Algumas são comportamentais, outras advem de um estado mórbido e ainda as que fogem ao controle do homem, são de caráter imponderável, e ocorrem dentro da misericórdia divina: a perda de um ente querido, um acidente fatal, reveses da fortuna, flagelos naturais.

Muitas vezes a depressão decorre de um sentimento de culpa ou de arrependimento, sendo estes casos diretamente decorrentes da ação ou omissão do homem.

Analisando a depressão originária de vidas passadas, se o espírito encarnado volta a deixar de cumprir seus compromissos dentro do seu livre arbítrio; escolhida a ação, depois se arrepende e fica com a consciência culpando-o, talvez até mesmo por vislumbres de lembranças do passado.

Não foi o que ocorreu com Pedro e com Judas? Ambos se arrependeram e caíram num estado depressivo, do qual só a fé e a força de vontade podem tirar desse estado.

Vimos que Pedro se arrependeu, pediu perdão, e se reabilitou perante Cristo, o que não conseguiu Judas Iscariote.

Este, deprimido e arrependido viu no suicídio a única forma de se redimir do seu erro. Aqui vale uma pergunta não propriamente dentro do tema, mas para reflexão: essa sua traição não estaria dentro dos desígnios de Deus, pois com todo Seu poder poderia ter evitado a prisão de Jesus? A nós parece que estava escrito!

Segundo pesquisadores, a depressão se apresenta sob formas diferentes, com intensidade e/ou duração variáveis. E também que todo depressivo, em regra geral é triste, mas a recíproca não é verdadeira.

Porque estamos defendendo a posição, com certeza com boas companhias, de que a depressão em muitos e muitos casos pode ser conseqüência de uma causa espiritual?

Não nos disse Jesus, “no mundo tereis aflições..?”

Vamos também transcrever um trecho de Kardec:

“O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo.

Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O ESPIRITISMO É A CHAVE COM O AUXÍLIO DA QUAL TUDO SE EXPLICA DE MODO FÁCIL (Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo I).

Porque não buscarmos na luz da Doutrina o que o Espiritismo e os espíritos evoluídos e benfeitores dos encarnados sob a proteção de Jesus, pode dar a propósito do tema?

Nós, espíritas convictos, sabemos que a reencarnação é a chave que recebemos da Misericórdia Divina para o aperfeiçoamento do nosso Espírito, e nesse caminho encontramos sempre os Espíritos que nos amam e se preocupam com o nosso estado corpóreo e espiritual. São Bons Espíritos que nos acompanham, nos dão assistência sempre e, principalmente, nos fortalecem intuindo para o caminho do êxito na missão.

Assim, todo encarnado deprimido vai encontrar na Doutrina excelente aliada para recuperação da sua saúde . Basta querer encontrar o remédio certo, na medida certa, e na hora certa.

Nery Porchia